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Entendendo a Gastrectomia Vertical (Sleeve gástrico)

Tudo o que você precisa saber sobre a Gastrectomia Vertical

 

O que é a Gastrectomia Vertical?

A gastrectomia vertical (GV), ou sleeve gástrico, é uma das técnicas mais utilizadas em Cirurgia Bariátrica e consiste no grampeamento longitudinal (ou vertical) e REMOÇÃO de cerca de 80% do volume do estômago, transformando-o em um tubo fino (daí seu nome) que gera diversas repercussões na fisiologia do órgão e no metabolismo do paciente.

Sleeve gástrico. Adaptado de Cleveland clinic.

Os primeiros estudos envolvendo o sleeve gástrico como técnica isolada de cirurgia bariátrica datam de 2003. No entanto, os bons resultados envolvendo a técnica e a relativa praticidade da mesma fizeram com que se tornasse a CIRURGIA BARIÁTRICA MAIS REALIZADA NOS ESTADOS UNIDOS nos dias de hoje. No Brasil, responde por cerca de 30% dos procedimentos realizados.

 

Como funciona a gastrectomia Vertical?

Durante muito tempo, a principal ideia era a de que a GV levava à redução de peso simplesmente por reduzir o volume do estômago. Com menos espaço, o paciente se sentiria saciado mais precocemente e assim, através de mecanismos RESTRITIVOS, ocorreria a redução de peso.

Porém, os contínuos estudos envolvendo a fisiologia por trás da cirurgia bariátrica nos mostraram que o efeito do sleeve gástrico vai além disso. Para entendermos, veja a imagem abaixo, sobre a anatomia do estômago e depois falaremos sobre a cirurgia:

 

Na região do fundo gástrico, há uma grande quantidade de células produtoras do hormônio GRELINA. Esse entero-hormônio gera sinais para o cérebro que causam a sensação de fome. Daí também ser conhecido como o “hormônio da fome”.

Nos pacientes submetidos a gastrectomia vertical, com a remoção do fundo gástrico, a produção da grelina é bastante reduzida, de modo que antes mesmo da refeição, já há um controle maior do apetite – e consequentemente – menor consumo de calorias ao longo do dia.

Outro efeito observado é que, por agora ser um órgão de menor volume e menos elástico, os alimentos ingeridos passam a serem liberados mais rapidamente para o duodeno e intestino delgado. Essa “aceleração” do trânsito estimula células do intestino a produzirem outro entero-hormônio, o glucagon-like peptídeo 1, ou GLP1, como é mais conhecido.

Essa substância é considerada uma das peças-chave nos efeitos da bariátrica atualmente. Dentre outros efeitos, atua no fígado reduzindo a estocagem de nutrientes na forma de glicogênio, nos tecidos periféricos diminuindo a resistência a insulina, no pâncreas melhorando o metabolismo da glicose, no estômago, tentando “frear” seu esvaziamento, gerando a sensação de saciedade – e no sistema nervoso central, inibindo a fome.

 

Como é feita a gastrectomia vertical?

Atualmente, a principal via de realização dessa cirurgia é por laparoscopia. Nela, o paciente é submetido a anestesia geral e são inseridos trocartes no abdome.

Inicialmente realizamos uma mobilização da grande curvatura do estômago, com liberação do epíplon (um avental de gordura intra-abdominal) desde o piloro (região mais distal) até o ângulo de His (porção mais proximal).

Com o auxílio do anestesista, uma sonda longa é inserida pela boca e utilizada para calibrarmos o tamanho do tubo gástrico. Então inserimos um grampeador laparoscópico e realizamos a divisão do estômago de modo VERTICAL.

Divisão do corpo gástrico através do grampeamento laparoscópico. Acervo pessoal

O estômago remanescente passa a medir entre 100 e 150ml de volume. Já o segmento ressecado é retirado do abdome. Por esse motivo, é bem comum dizermos que a gastrectomia vertical é “irreversível”. No entanto, por mais que de fato não haja como recompor o estômago, a manipulação do trânsito gastrointestinal é bem menor.

 

Quais os benefícios da Gastrectomia Vertical?

– Por manter o estômago, há menor risco de deficiência de Ferro, Ácido fólico e Vitamina B12

– É um procedimento mais prático, sem a manipulação de alças intestinais

– Há menor necessidade de reposição de vitaminas e microelementos (mas cuidado! Manter o seguimento para identificar e tratar eventuais deficiências nutricionais é extremamente importante)

– Menor incidência de Hipoglicemia Reacional (também conhecida como Dumping)

– Não prejudica a absorção de medicações

 

Para quem recomendamos a Gastrectomia Vertical?

– Pacientes com IMC (índice de massa corpórea) entre 35 e 40 kg/m²

– Pacientes que não tenham componente importante de síndrome metabólica associada (resistência periférica a insulina e diabetes recém-diagnosticado, por exemplo)

– Pacientes em extremos de idade ou com comorbidades que requeiram uso de grande quantidade de medicações

– Em superobesos (pacientes com IMC acima de 50kg/m²): como tratamento prévio ao bypass gástrico ou como tratamento único se o risco cirúrgico for alto.

 

Quais os riscos da Gastrectomia Vertical?

Como toda cirurgia, também há a possibilidade de complicações na GV. Deiscências da linha de grampeamento, fístulas e sangramentos podem ocorrer no pós-operatório inicial e deve-se ter alto nível de suspeição. Mas há complicações potencialmente graves que podem advir desse procedimento:

– Refluxo Gastroesofágico

– Reganho de peso

– Trombose de Veia Porta (rara, ocorre entre 0,3 e 1% dos casos, porém é grave)

Manter um seguimento pós-operatório próximo entre paciente e equipe cirúrgica é de suma importância para identificar precocemente e tratar eventuais complicações.

 

Como é o pós-operatório da gastrectomia Vertical?

No dia da cirurgia, prescrevemos jejum para os pacientes devido à alta incidência de náuseas, que por sua vez ocorre devido a uma grande manipulação do estômago.

A partir do 1ºpós-operatório, prescrevemos a chamada dieta líquida fracionada para gastroplastia. É consistida de água, água de coco, chás, gelatinas e sucos sem resíduos que são ofertados em volumes de 50ml, a cada 30 minutos.

É importante ressaltarmos que o objetivo dessa dieta é manter a HIDRATAÇÃO do paciente e evitar hipoglicemias. Não é intenção garantir oferta calórica nessa fase (o paciente utilizará estoques corporais para isso).

Após 10 a 14 dias, podemos progredir a dieta para pastosa batida. Novamente, ofertamos pequenos volumes para evitar mal-estar e não forçar a linha de grampos do estômago.

A dieta pastosa é mantida até por volta da 4ª ou 5ª semana de pós-operatório. A partir daí, passamos para uma dieta geral, sempre respeitando os princípios de uma “refeição pós-bariátrica”, em que priorizamos o consumo de proteínas frente a carboidratos.

A médio prazo, pode-se ingerir alimentos do dia-a-dia, desde que mastigando bem e em porções menores do que eram consumidas antes da cirurgia.

 

Conclusão

A gastrectomia vertical é uma cirurgia segura e com excelentes resultados, mas como em toda cirurgia bariátrica, você só deve se submeter a qualquer procedimento após consultas com a equipe multiprofissional. Tem vontade de operar? Fale conosco.

 

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Esse texto tem como objetivo principal informar pacientes. Caso tenha dúvidas ou sugestões, entre em contato através do email contato@fabioisrael.com .

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