Cirurgia Bariátrica: quando deve ser uma opção no tratamento da obesidade?
Ao falarmos em tratamento da Obesidade, temos de levar em conta que muito além do peso ou de questões estéticas, estamos nos referindo a uma doença crônica, progressiva e recidivante, que se associa a diversas outras comorbidades e que – quando não tratada – pode ser fatal.
Seu tratamento, por sua vez, é multimodal: vai desde mudanças de hábitos alimentares e da prática de atividades físicas, ao uso de medicações, psicoterapia e até mesmo a realização da chamada Cirurgia Bariátrica.
Engana-se, porém, quem acredita que a cirurgia é “a última opção”, ou que “só vai para cirurgia quem já desistiu de emagrecer”. Esses conceitos, além de preconceituosos, são cientificamente errados.
Para quem é indicada a cirurgia?
No Brasil, os critérios para a realização da cirurgia bariátrica são definidos pela Conselho Federal de Medicina e consideram os seguintes fatores:
1 – Índice de Massa corpórea (IMC)
O IMC é um índice calculado através da divisão do peso do paciente em kg pela sua altura em metros e esse resultado é novamente dividido pela altura em metros.

Por exemplo, para um paciente de 123kg e 1,83 metros de altura, teremos:
123/1,83 = 67,21 >> 67,21/1,83 = 36,72
IMC = 36,72kg/m²
Para considerarmos um paciente candidato a cirurgia bariátrica, ele deve possuir:
– IMC > 40kg/m², independente da presença de comorbidades;
– IMC entre 35 e 40 kg/m², se paciente tiver comorbidades causadas ou agravadas pela obesidade
– IMC entre 30 e 35kg/m², desde que tenham comorbidades GRAVES classificadas por médico especialista da área da comorbidade
Ok, mas de quais comorbidades estamos falando?
| Comorbidades listadas nas Indicações de Cirurgia Bariátrica | |
| Diabetes melito | Síndrome da Hipoventilação |
| Síndrome da Apneia do Sono | Doença do refluxo gastroesofágico |
| Hipertensão Arterial | Colelitíase |
| Dislipidemia | Pancreatite aguda |
| Insuficiência coronariana | Infertilidade |
| Infarto agudo do miocárdio | Varizes de membros inferiores |
| Insuficiência cardíaca congestiva | Pseudotumor cerebral |
| Acidente vascular cerebral | Depressão |
| Fibrilação atrial | Incontinência urinária |
| Asma grave | Disfunção erétil |
| Osteoartrose | Doença hemorroidária |
| Hérnia de disco | Estigma social |
| Esteato-hepatite não-alcoólica | Síndrome dos ovários policísticos |
Fonte: Resolução CFM 2.131/2015
2 – Tempo de doença:
Os pacientes devem apresentar esse IMC nos níveis citados acima por pelo menos 2 anos na faixa de risco. Em sua história de tratamento, devem ser comprovadas tentativas de perda de peso prévias por outros métodos, bem como o insucesso dessas medidas ou mesmo a recidiva do ganho de peso. A isso chamamos de “intratabilidade clínica”.
3 – Idade do paciente:
– Entre 18 e 65 anos: sem qualquer restrição.
– Acima de 65 anos: avaliar expectativa de vida, comorbidades e potenciais benefícios para o(a) paciente. Costumamos solicitar auxílio de geriatras para a avaliação.
– Entre 16 e 18 anos: deve haver consenso entre paciente, familiares e equipe multiprofissional, com termos de consentimento livre e esclarecido.
– Abaixo de 16 anos: somente em casos de síndromes genéticas associadas a obesidade, como a síndrome de Prader-Willi, após avaliação por 2 cirurgiões bariátricos e com o consenso familiar e da equipe multiprofissional.
4 – Condições psicossociais:
Pacientes submetidos a cirurgia bariátrica passam por grandes modificações no corpo, na mente e na vida, e requerem seguimento a longo prazo (lembre-se: obesidade é uma doença crônica!). Assim, devemos considerar ainda aspectos psicológicos e sociais antes de indicarmos a cirurgia:
– Deve haver compreensão pelo paciente de tudo envolvido pela cirurgia. Casos com déficit cognitivo ou intelectual graves não são candidatos à cirurgia
– Deve haver suporte familiar ou comunitário adequados.
– Não pode haver transtorno psiquiátrico grave não-controlado, ou abuso de substâncias como álcool e drogas ilícitas. No entanto, em casos em que o paciente mantém acompanhamento psiquiátrico e tem tais comorbidades sob controle, a cirurgia pode sim ser indicada.
Conclusão
Se você sofre com obesidade e problemas associados, procure ajuda! Adiar o tratamento por medo ou preconceito só vão gerar mais sofrimento. Acredite, há como melhorar!
Quer saber mais sobre a cirurgia? Fale conosco!
Esse texto tem como objetivo principal informar pacientes. Caso tenha dúvidas ou sugestões, entre em contato através do email contato@fabioisrael.com .

